Escher e sua Ciência

Conheça o artista gráfico Escher e suas litografias


O artista gráfico holandês M. C. Escher (1898 - 1972) produziu uma série de litografias e xilogravuras que procuravam representar construções impossíveis, inúmeros padrões geométricos, além de provocar no observador uma verdadeira confusão mental com suas brilhantes ilusões de óptica.


O artista gráfico holandês M. C. Escher (1898 - 1972) produziu uma série de litografias e xilogravuras que procuravam representar construções impossíveis, inúmeros padrões geométricos, além de provocar no observador uma verdadeira confusão mental com suas brilhantes ilusões de óptica. Sua obra é vasta e diversificada Escher é geralmente lembrado como uma artista amante da matemática. No entanto, a genialidade de Escher não se limita a construir imagens com impressionantes efeitos, dotado de qualidade técnica e estética à perspectiva. A meu ver, Escher é um grande artista moderno, admirador das formas e da transformação. Ele também é um artista que pinta a imagem de um novo homem capaz de se auto-analisar e, por conseguinte, de se reconstituir. Abaixo você pode conferir um vídeo com as principais obras de Escher.



Fazendo arte com as idéias de Darwin.

Nas obras Sky and Wather I e Sky and Water II de 1938, percebemos um gradativo evolucionário. De forma sutil Escher dá asas aos peixes e os fazem ganhar o firmamento. É interessante notarmos justamente o aspecto gradual de suas imagens - o pintor parece fazer arte com idéias darwinistas.





Ciência e auto-conhecimento



Em Hand with Reflecting Sphere de 1935, Escher ilustra uma mão segurando uma esfera, na qual se encontra uma imagem refletida. A imagem é de um típico escritório onde se encontra um homem sentado, o qual vislumbra sua própria imagem refletida na esfera. A mão real toca na mão refletida. A litografia elucida o encontro do investigador com o seu próprio objeto de investigação, isto é, consigo mesmo. Desde os primórdios da humanindade o homem busca o auto-conhecimento e, a meu ver, Escher, em forma de arte gráfica, transmite muito bem esse anseio: o cientista acomodado em seu laboratório procurando evidências e pistas sobre sua própria origem e natureza, bem como sua realidade circundante. Escher exprime o espírito que deve guiar o cientista, que deve dar sentido realmente a uma carreira científica.


Natureza via Criação em Escher


As obras de Escher são valiosas, digo não apenas no sentido material, mas também no valor de intelecto que é embutido em suas obras. Uma das obras que chama mais minha atenção é Drawing Hands de 1948. Escher tem um cuidado ímpar com os traços assim como com a perspectiva da imagem. Ele faz milagre com uma tela em branco bidimensional. Nesta obra observamos duas mãos e em ambas exist uma caneta, sendo que uma mão está a desenhar a manga da outra - não é possível distinguir qual é a mão direita e qual é a mão esquerda. Na obra percebemos a continuidade da construção do ser, ou seja, uma mão construindo a outra em uma relação de interdependência.



Da tela branca nascem mãos, as mesmas que transformaram a natureza em um habitat seguro e confortável para a espécie humana, pois foi com as mãos que o homem foi capaz de produzir fogo, caça, pescar, adrar deuses, construir muralhas na China, redigir o código de Hamurabi, remar rumo a um "novo mundo", comer hambúrgueres do McDonald´s, navegar pelo vasto, porém intocável mundo virtual da internet, beber Coca-cola, abraçar o próximo, e muito mais. As mãos são as ferramentas que mais transformaram a realidade, exceto o cérebro. Na verdade, o cérebro atua primeiro e as mãos executam e concretiza o que o cérebro planeja. São duas partes cúmplices que mudam o ambiente e o próprio homem. O cérebro de Escher parece planejar e as mãos do mesmo desenham e torna o vísivel o que a maquinaria cerebral almejou. O desenho são mãos, as quais ganham certa autonomia na medida em que elas mesmas se relacionam e se costroem. Escher transpôe para Drawing and Handes a idéia de que o homem nõa é um mero telespectador no seu ambiente natural, pois existe uma relação estreita daquilo que o homem experimental, com aquilo que o homem é. Entre outras palabras, a essência natural das coisas pode ser afetada pelas experiências, e as experiências das coisas podem afetar a natureza das mesmas. Dessa forma, o homem é vislumbrado como um agente natural, um grande criador e não apenas como uma consequencia da criação - superando a velha opinião de que o homem, ao nascer, seria uma tábula rasa; e que por meio das experiências como o mundo a mente deste seria paulatinamente formada. Talvez seja por isso que Escher deixa canetas sob o poder das mãos, pois elas simbolizariam o poder de interfência da natureza das mãos na criação das mesmas. Em suma, Escher parece ter plena consciência de que as canetas podem desenhar não somente quaisquer objetos no espaço em branco, mas também afetar as mãos que as seguram.


Referências:

Texto adaptado da minha monografia: EUGÊNIO, T. J. B. Da Arte da Biologia à Arte da Biologia; Locke, Descartes e Rousseau vão à Disneylândia: um filme sobre o homem, a natureza e o conhecimento (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Estadual Paulista, campus de Botucatu, 2007.

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3 comentários:

  1. Adorei esse blog.
    A arte continua sendo a mais acalantadora de todas as ilusões já criadas pelo homem.

    Roney

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  2. Laura, eu convido você a ler o ensaio completo que publiquei sobre o Escher. Chama-se "Um olhar evolucionista para a arte de M. C. Escher. Segue o link http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/785

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